Há por aqui um desassossego pouco habitual numa terra que
caminha lentamente, dobrada ao peso dos séculos, ao correr dos anos sob a
sombra do castelo. Para combater a artrite, o reumático e os sintomas de
alzheimer da cidade, inventaram uma coisa a que chamam feira de época e não
falta quem para lá se apresse, corra, se precipite, fingindo que faz uma
revisitação do passado por meia dúzia de patacos. E é esta ficção pouco
imaginativa que traz em polvorosa locais e forasteiros, aumenta o trânsito e
parece trazer alegria e, segundo dizem, coloca a antiga vila no mapa das festas.
Como se sabe, não há coisa melhor que uma terra animada. Tudo isto faz-me
lembrar aquela história de John Stuart Mill que se conta aos adolescentes sobre
a divisão dos prazeres em superiores e inferiores. Estas festividades, ou muito
me engano, não cabem nessa sábia divisão. Nem são tão rasteiras que degradem
quem nelas participe, nem tão elevadas que permitam alçar o espírito de
quem por lá se perde. São uma espécie de assim-assim que vem e logo se vai, sem
que daí venha grande mal ao mundo. Sobre tudo isto que me rodeia não tenho mais
palavras nem sequer pensamentos. A minha mente também ela é uma espécie de
assim-assim.
Aqui no burgo mais próximo também começou uma feira, pomposamente baptizada "Sabores de Perdição".
ResponderEliminarDuvido que, com tanto GPS, alguém se perca por um sabor, mas eles lá sabem...
O que me entristece é que queria ir hoje à Bertrand (há descontos) e vai ser impossível encontrar estacionamento, mesmo a pagar.
Bom fim-de-semana.
Maria
É uma país muito dado às feiras. É uma espécie de continuidade das festas de aldeia.
EliminarBom fim-de-semana.
HV