sexta-feira, 31 de maio de 2019

Assim-assim

Há por aqui um desassossego pouco habitual numa terra que caminha lentamente, dobrada ao peso dos séculos, ao correr dos anos sob a sombra do castelo. Para combater a artrite, o reumático e os sintomas de alzheimer da cidade, inventaram uma coisa a que chamam feira de época e não falta quem para lá se apresse, corra, se precipite, fingindo que faz uma revisitação do passado por meia dúzia de patacos. E é esta ficção pouco imaginativa que traz em polvorosa locais e forasteiros, aumenta o trânsito e parece trazer alegria e, segundo dizem, coloca a antiga vila no mapa das festas. Como se sabe, não há coisa melhor que uma terra animada. Tudo isto faz-me lembrar aquela história de John Stuart Mill que se conta aos adolescentes sobre a divisão dos prazeres em superiores e inferiores. Estas festividades, ou muito me engano, não cabem nessa sábia divisão. Nem são tão rasteiras que degradem quem nelas participe, nem tão elevadas que permitam alçar o espírito de quem por lá se perde. São uma espécie de assim-assim que vem e logo se vai, sem que daí venha grande mal ao mundo. Sobre tudo isto que me rodeia não tenho mais palavras nem sequer pensamentos. A minha mente também ela é uma espécie de assim-assim.

2 comentários:

  1. Aqui no burgo mais próximo também começou uma feira, pomposamente baptizada "Sabores de Perdição".
    Duvido que, com tanto GPS, alguém se perca por um sabor, mas eles lá sabem...
    O que me entristece é que queria ir hoje à Bertrand (há descontos) e vai ser impossível encontrar estacionamento, mesmo a pagar.
    Bom fim-de-semana.
    Maria

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É uma país muito dado às feiras. É uma espécie de continuidade das festas de aldeia.

      Bom fim-de-semana.

      HV

      Eliminar