Não só o Outono o foi, como o próprio Inverno chegou invernoso e, segundo vi, promete continuar. Num dos livros que tenho na secretária, encontrei um cartão de um restaurante lisboeta na moda, perto, muito perto, do S. Carlos, e um talão de um depósito em caixa multibanco. Curioso, fui ver a data, 11 de Março de 2002. Um documento histórico. Terei achado que servia para marcar a página de um ensaio sobre espinhosas questões da mais espinhosa de todas as disciplinas que o espírito do homem criou. Do autor, tão espinhoso ele é, omito o nome, pois são lendárias as legiões de seguidores e de detractores. Talvez a personagem não merecesse nem tantos sequazes nem tantos depreciadores, mas como em tudo, também nesse território minado a que alguém um dia terá chamado a rainha das ciências, os seres humanos gostam de se alinhar e, depois de postos na linha, logo começam a marchar. De resto, não faço ideia por que motivo, num mesmo livro, se encontra um cartão recente e um talão antigo, de uma outra encarnação. A vida, porém, é feita destes mistérios. Antes que acabe de escrever, vou arrumar ambos no sítio onde estavam, para que alguém daqui a décadas os encontre. O talão encaixa na perfeição em La question sur l’essence de l’être e o cartão do belo restaurante vai dormir em Sur la grammaire et l’étymologie du mot «être». Que tenham bons sonhos.
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