Roger
Scruton, num livro como Título O Rosto de Deus interroga-se sobre o
significado dessa expressão que tomou para título. A certa altura refere S.
Paulo e o seu agora vemos (Deus) por um espelho, mas então
veremos face a face. Neste
mundo, os homens – e Moisés era um homem – estão impedidos de ver o semblante
divino, talvez porque lhes seja insuportável. Contudo, esta ideia interessa-me
de modo muito mais prosaico. Será que vemos realmente o rosto do outro homem ou
também aos homens só os vemos num espelho? Os seres humanos espelham-se naquilo
que fazem e espelham-se no rosto que nos deixam ver, mas este não será mais do
que uma máscara, um produto do próprio homem para, inconscientemente, se velar.
Pode ser insuportável para alguém tornar público o seu rosto e também poderá
ser insuportável para alguém ver o rosto do outro. É possível que a vida não
seja outra coisa que a demanda pelo seu próprio rosto, talvez irmanada com
outra demanda, a do próprio nome. O homem procura não o rosto que vê e o nome
que lhe deram, mas o rosto que não vê e o nome que não lhe deram. Aí, encontrará
a sua verdade.
Sem comentários:
Enviar um comentário