Saí de casa e, ao chocar com a ventania, pensei que de Espanha nem bom vento nem bom casamento. Isto foi um péssimo pensamento. Pior, foi um falso pensamento. Quer dizer então que de Espanha pode vir bom vento e até um bom casamento? Não exageremos. Bastou aquele casamento que acabou por nos trazer os Filipes para se saber que daqueles lados os casamentos, por excelentes que sejam e corram, são sempre maus. É uma questão histórica. E aquilo que é histórico, o melhor é não o contestar. Então, significa que de Espanha vêm bons ventos? Ó não, se há um ditado que nos diz que de lá não vêm bons ventos, o melhor é acreditar no ditado. Onde está a falsidade do meu pensamento ao chocar com a ventania? O vento não vinha de Espanha, mas era vento de noroeste, vinha do mar mais ao norte. Chegado a casa fui estudar as previsões meteorológicas e constatei, mais uma vez, que S. Pedro, o CEO do clima, precisa de ser substituído. Vamos ter uma semana de Páscoa toda ela chuvosa, nem uma abertura no domingo, o dia da grande festa dos católicos. É possível que um defensor do magistério de S. Pedro argumente que o santo está na plena posse das suas faculdades gestionárias, mas, para não parecer parcial ao beneficiar os seus, exime-se de interferir na evolução dos estados do tempo sempre que está em jogo uma festividade religiosa. Não quer ser acusado de favorecer a sua religião e prejudicar outras, enviando-lhes raios e coriscos nos seus festivais, enquanto para a sua oferece tempo ameno, sol moderado, sem chuva, vento ou frio. Admiro quem é capaz de ser imparcial, mas sou um europeu do sul e como tal tenho uma certa compreensão para com aqueles que acham ser seu dever proteger os seus. É uma questão de amor à família. Vamos lá S. Pedro. Uma pequena excepção não será problema de maior.
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