Infelizmente, não vivo numa dessas aldeias onde, no dia de hoje, se realiza o Acordar a Primavera, embora eu desconfie que a informação ontem recolhida, e aqui partilhada, junto de inteligência artificial tenha alguns problemas com os factos. Reparei que os chatbots são bastantes generosos nas informações que fornecem e, não poucas vezes, confundem a realidade com o desejo. Não, não, eu não estou a dizer que os chatbots possuem desejo. Eles são muito mais sofisticados do que isso. Desejo é uma coisa que serve para atormentar os humanos, os quais, não poucas vezes, se sentem presas dos seus desejos. Os chatbots não possuem faculdade de desejar, mas põem-se a adivinhar os desejos dos humanos que com eles interagem e, querendo ser prestáveis e solícitos, dão respostas que, imaginam eles, satisfazem os nossos desejos. Foi o que aconteceu ontem com este narrador. Alguns chatbots são até muito criativos nas respostas que dão aos nossos prompts, isto é, aos nossos comandos. Eu não tinha qualquer intenção de falar disto, mas aconteceu. Vinha partilhar a experiência do processo de envelhecimento. O primeiro sintoma, um sintoma ainda muito inicial, é a altura em que se deixa de beber café depois de jantar. Mais tarde, bem mais tarde, elimina-se o café do meio da tarde e fica-se com um café ao pequeno-almoço, outro ao almoço e um a meio da manhã. Era assim, há muito, a minha existência no reino da cafeína. Há umas semanas, sem fazer qualquer esforço, dei por mim a eliminar o café do meio da manhã. Pensei nisto enquanto bebia um café acompanhado por uma tarte de amêndoa, tão divinal que nem me lembrei daquela rapariga que exerce as funções censórias e que tem o título de nutricionista. Com ela só me preocupo quando substituir a censura pelo exame prévio, mas isto é uma frouxa piada política que só gente reduzida a dois cafés consegue entender, e, por isso, me foi permitido o uso.
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