O culpado de tudo isto é o pobre do Coleridge, caturrei,
que ensinou aos leitores que deveriam suspender a descrença quando lêem qualquer
ficção. Um péssimo trabalho, o do poeta inglês, que gerou mais equívocos do que
qualquer outra patranha que a literatura inventou. Agora tendem a confundir-me com
quem escreve estes textos e atribuir-lhe os pensamentos que são meus. Entre mim
e o autor há uma desconformidade tal que há dias e dias que passamos um pelo
outro e nem trocamos um olhar quanto mais uma saudação. Desconfio que o tipo
nem me suporta. Eu, para dizer a verdade, dispenso de bom grado o convívio, mas
é triste para mim esta confusão, rouba-me a identidade e atribui ao tolo do
autor as descobertas, sensações e exalações que são minhas. Se fosse ele a arvorar-se
dono do que digo e sinto ainda o acusava de plágio, mas ele é burro velho e não
cai na esparrela. Remete-se ao silêncio e deixa-me tagarelar. Tagarela, foi
assim que ele me criou.
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