Há dias como o de hoje em que até um cavaleiro andante se
sente no desemprego. Sem tortos para endireitar, sem mundos para pôr nos eixos,
logo sem aventuras para delas dar notícia ao mundo. Fui à capital de distrito,
que é um lugar aonde gosto de ir, mas nem aí se apresentou caso digno de menção.
Diante de mim, acumulam-se as tarefas a que a minha diligência há-de pôr fim,
embora esteja pouco inclinado para ser diligente. Está vento, sei-o porque vejo
o ramalhar das árvores. As cevadilhas da escola aqui ao lado já perderam as
flores. Estavam, ainda há dias, tão exuberantes, mas não suportaram a vinda do
Verão. Não estou só no mundo. Na avenida, os carros passam devagar, não vá
algum peão intrometer-se no reino dos automobilizados. Também devagar, vão os
transeuntes. Algumas mulheres preocupam-se com as saias. O vento tem súbitos atrevimentos,
mas ninguém estará interessado em ver aquilo que as saias deixam de tapar. O
que me preocupa, neste momento, é o friso das orquídeas. Este ano, as coisas
não correram pelo melhor. Umas ainda não floriram, outras deixaram as flores
murchar rapidamente. Tivesse eu tempo, e falaria com Nero Wolfe. Ele, entre a
resolução de dois crimes e três jantares, haveria de me dar uma solução para as
pobres orquídeas. Não tenho tempo, infelizmente. Ah… a Arminda casou com o
Gustavo. Estavam noivos e casaram. Isto vem a propósito de quê? De nada, mas
talvez amanhã explique, caso deseje tornar-me um émulo do folhetinista Cerdeira.
quarta-feira, 29 de junho de 2022
Sem narrativa
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