A neta mais nova esteve cá todo este fim-de-semana. Veio em busca de apoio da avó em todas aquelas disciplinas do nono ano que detesta. Uma agenda de trabalho rigorosa, mas com espaços para respiração. Os seus quase quinze anos encheram a casa. Agora, voltou para Lisboa; o dia anoiteceu rapidamente. Os netos são uma espécie de segunda luz. Haverá nesta relação entre avós e netos um estratagema da natureza. Oferece aos mais velhos uma esperança para o tempo que lhes resta. Uma promessa de que a vida continua, não a pessoal, mas a de alguma coisa inexprimível por palavras, mas que se sente no amor entre gerações, nos olhares de expectativa, nos projectos que sendo dos netos, ainda são, por instantes, os dos avós. Agora, vou procurar um jogo de Xadrez a sério. Para o meu neto, claro. Para o ensinar a jogar. O Xadrez é um jogo militar, mas também a vida é milícia que exige um pensamento estratégico claro. O peão avança duas casas e as brancas preparam-se para ocupar o centro, apesar de o negrume da noite ter triunfado sobre a luz anémica do dia.
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