Não sei o que me perturba mais, se o ensaio da banda de rock da escola aqui ao lado ou o número de páginas do novo romance de Gonçalo M. Tavares, 912, segundo vi no Público. À primeira vista, o ensaio é mais invasivo, mas só se realiza à sexta-feira e dura relativamente pouco tempo, pois os músicos, um deles um rapaz da minha idade, os outros não conheço, não terão o fôlego que um dia tiveram. Acontece a todos. E o problema reside mesmo no fôlego, no que toca ao romance – O Fim dos Estados Unidos da América - Epopeia. Não o fôlego para enfrentar aquelas páginas todas, mas para segurar o livro nas mãos. Fui ver ao site da editora as características do livro. Queria saber se, por acaso, estava lá o peso. Fiquei admirado: estava mesmo. Uns módicos 1166 gramas; isto é, quase um quilo e duzentos gramas. Não posso com o livro, pensei. Ao fim de uns minutos de leitura vai-me doer a coluna – a partir de certa altura da vida, a coluna tem tendência a doer. Ainda pensei: Bem, talvez o livro seja bom para exercitar a musculatura dos braços – a partir de certa altura da vida, os músculos têm tendência a definhar. Afastei, porém, o pensamento e a futura musculação. Para que me servem os dispositivos de leitura electrónica que pululam nesta casa, perguntei-me. Lá fui pesquisar nas livrarias do Kindle e do Kobo. A editora, porém, preocupa-se imenso com a musculatura dos braços dos leitores e não abre os seus livros (haverá uma ou outra excepção) a ciberleitores, como seria o meu caso. Parece que o ensaio do conjunto já acabou, também o dia definha. O problema da leitura do romance é que está por resolver. Se decidir comprar o livro, inscrevo-me também no ginásio que há ao fundo da avenida e faço musculação durante um mês antes de começar a ler o romance. É possível que no fim da leitura, não apenas tenha uma musculatura de braços digna de um halterofilista, como os próprios Estados Unidas da América tenha acabado e dado lugar a outros países. Nunca se sabe o que pode acontecer quando se começa a fazer musculatura para ler um livro.
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