Cheguei à conclusão que o fundamental é a mente. Hoje fartei-me de andar de um lado para outro, numa azáfama digna de uma barata tonta. A certa altura parei e fui consultar a aplicação que gere os meus pontos cardios, seja lá isso o que for. Vários milhares de passos. Muito bem, pensei. Isto deve dar uma boa pontuação. Quando olho para ela vejo o número 3. Tanto ir e vir e apenas 3 pontos cardios. Depois, livre da corveia, decidi caminhar um pouco a pensar nos pontos cardios. Com menos de metade dos passos dados anteriormente, acumulei sete vezes mais pontos. Foi, então, que tive o vislumbre. Sem a mente estar focada no objectivo não há pontos cardios. A mente é que comanda a vida. Quando eu tinha uma idade que nem parecia ser idade, havia quem cantasse o sonho comanda vida, uma óbvia falsidade, apesar dos sonhos, como a pintura, serem cosa mentale. Leonardo da Vinci estava certo quando dizia la pittura è cosa mentale, mas, ao contrário de mim, não percebeu que a sua afirmação tinha uma natureza meramente metonímica. Tomava a parte pelo todo. Deveria ter afirmado tudo é coisa mental, incluindo a pintura. E os pontos cardios, acrescentaria eu, caso falasse com ele. Talvez por isso Juvenal terá escrito mens sana in corpore sano, coisa que aparece no fim de um verso que verseja assim orandum est ut sit mens sana in corpore sano, que é como quem diz reza para teres uma mente sã num corpo são. E daqui concluo que, caso queira acumular pontos cardios para a sanidade do corpo, terei de afinar a saúde da mente para que ela se concentre no desiderato. Se algum leitor incauto pensar que eu sei Latim, informo-o que o pensamento é falso, apesar do próprio Latim ser cosa mentale.
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