Tinha encomendado online
e fui, há pouco, levantar na Fnac que por aqui existe. Trata-se da tradução da
obra poética de Paul Celan, que a Assírio & Alvim deu agora à luz, numa
tradução de Maria Teresa Dias Furtado. Tinha lido a crítica, onde se salientava
que traduzir Celan é um empreendimento muito arriscado, pois a sua poética
implica quase uma reinvenção da língua em que escreveu, o alemão. Descobri que
Celan, cujos pais morreram num campo de concentração nazi, se envolveu amorosamente,
numa relação tensa, com a escritora austríaca Ingeborg Bachmann, cujo pai
pertenceu ao partido nazi. Imagino que o antagonismo das origens terá
desencadeado a centelha que os aproximou, mas isso é já colocar um motivo
extrínseco à paixão que Eros neles terá incendiado. Voltando à tradução e não
pondo em causa o que o crítico – aliás, merecedor da máxima atenção – disse,
decidi-me pela compra, pois por problemática que seja a tradução, ela
aproxima-me da poesia de Celan, a qual me é completamente inacessível no
original. Não contente, com a obra de Celan, encontrei, mal olhei para os
livros, a tentação é terrível, O Olhar Diagonal das Coisas,
obra que reúne a poesia de Ana Luísa Amaral, a poeta – era assim que ela se
reconhecia – desaparecida há muito pouco tempo, um dos nomes mais importantes
da poesia portuguesa das últimas décadas. Ambos os livros têm uma belíssima edição,
com capa cartonada. O problema é que, em conjunto, exigem uns dez centímetros
de estante, para além de cada um pesar mais de mil e quinhentos gramas. Poderia
ainda falar de Nathalie Sarraute e de Joseph Roth ou da belíssima revista Electra,
mas ficará para outro dia, caso me lembre e me apeteça. Daqui a pouco chega o
meu neto e tenho de mudar de registo. Terei de ir preparar os carros – as miniaturas,
entenda-se – para fazermos uma corrida.
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