Por vezes, entretenho-me em discussões que, sei-o à partida,
são inúteis. Inúteis porque não conduzem a lado algum, não levam a um acordo
mínimo. As partes olham de pontos de vista diferentes e, como não podia deixar
de ser, vêem coisas diferentes. E aquilo que descobrem é tido como uma verdade.
Difícil é explicar que sobre certos assuntos não há outra coisa senão
perspectivas, visões parciais, limitadas, as quais pouco têm a ver com a
realidade sobre a qual se terçam argumentos. Mais difícil ainda é fazer perceber
que é possível sobre esses assuntos defender um ponto de vista sabendo que ele
é limitado e, essencialmente, desadequado. Não por um desejo de persistir no
erro, mas pela natureza belicosa do espírito humano. Nem sempre se resiste a si
mesmo.