A noite cai agora demasiado cedo. As pessoas enrolam-se nela
e vão rua fora, e eu vejo-as passar em direcção ao seu destino, sem que saibam
que tudo é fortuito, mesmo a noite onde se escondem ou a hora em que ela cai.
Dizem-me, por vezes, que vejo as coisas demasiado sombrias e que preciso de me
encantar com o mundo. E eu penso que devo precisar de ir ao oftalmologista,
pois os olhos inclinam-se para ver sombras onde os outros vêem tudo tão
luminoso. Talvez o problema se resuma à falta de óculos ou, em caso mais
extremo, a alguma catarata que se interponha entre mim e o esplendor fulgurante
do mundo.