Os dias quentes deste Outubro alucinado correm engavinhados
à inutilidade. Esta não é uma negação do útil, mas um florescimento de
anomalias que se tornam tudo o que um certo modo de vida pode conter, até que
não seja outra coisa senão uma grande e monótona anomalia. Quando se escolhe ou
aceita um modo de vida anómalo, o mais certo é que se viva na sombra da
anomalia. Por vezes, um vento desassisado desce sobre nós como o Espírito Santo,
em línguas de fogo, desceu sobre os apóstolos. É o nosso dia de Pentecostes. E
então falamos em diversas línguas e profetizamos sobre o fim do reino da
anomalia, mas não há ninguém para ouvir. O entardecer inclina-se sorrateiro
para a noite e recordo-me da minha velha gata. Eu falava e ela ouvia. Depois,
miava e saltava-me para o colo a ronronar, enquanto eu lhe passava a mão pelo
dorso. E tudo estava no seu lugar.