Tenho estado às voltas com o Excel. Para dizer a verdade,
não sei nada da ferramenta, mas fascina-me o espírito geométrico e exacto que
por ali reina. Dou comigo a pensar que deveria ter enveredado pela matemática
ou pela física em vez de me interessar pela filosofia e pela literatura. É
assim que se perde uma vida. Suspendo estes pensamentos dolosos e abro uma
frente de combate com o software para ver se, sem recorrer a terceiros, me
desvenda os segredos que procuro. Porém, ele é avaro e ríspido e logo me atira
ao tapete. Há pouco, deixou-se surpreender e descobri uma das coisas que
procurava, mas ainda falta o mais importante. O melhor é pegar na edição
completa dos haikus de Matsuo Bashô, o eremita viajante, que a Assírio &
Alvim teve a caridade de publicar, e procurar ali a chave que me há-de abrir o
caminho para o beneplácito do elusivo Excel. Há coisas que não têm solução e
pessoas que não têm cura.