Talvez
por lhe ter sido roubada uma hora, sinto este domingo quase como uma promessa.
Eu sei que não se deve viver de promessas, mas nem a passagem pela avenida
marginal, onde, hesitante, a feira de velharias atrai curiosos enfadados, nem a
romagem ao sítio onde se arrasta moribunda a feira de Março conseguiram deitar
cinza e luto sobre o meu ânimo. É verdade que as pessoas passeiam com o mesmo
ar desolado que ostentam nos outros domingos. Um homem caminha apressado,
enquanto, em desespero, tenta com um pente pôr ordem no cabelo. Um pai solitário
arrasta os filhos em direcção ao carrossel. Um anúncio de farturas mistura-se
com a música estridente de todas as feiras destes país. Nada disso, porém, entenebrece o dia e a sua
glória. A segunda-feira será menos dolorosa, creio.