Devaneei, de carro e apressadamente, por algumas ruas da
cidade. Tudo me pareceu mais limpo, mas pode ser apenas sugestão trazida pelas
bátegas de água. Agora estou em casa e olho pela janela. Ao longe, as muralhas
do castelo, por instantes, reverberam. O vento inclina as copas das árvores, o
sol brilha enquanto as nuvens não o cobrem, um carro estaciona nos muitos
lugares vagos trazidos pelo fim-de-semana. É domingo e as famílias, algumas, terão
ido à missa e reúnem-se para celebrar a sua eucaristia privada. Um cão alçou a
perna junto a um tronco de árvore, depois baixou-a e seguiu caminho farejando. Folhas
caídas e restos de plásticos enrolam-se no vento, elevam-se nos ares e, como
sempre acontece, caem. As palavras servem para isto, para quebrar aquilo que o
silêncio deveria calcinar, mas que a imprudência dos mortais acaba por
transformar em tagarelice.