Fui comprar livros em papel, já não o fazia há algum tempo,
rendido que estou, e há muito, às vantagens dos e-Readers. Não vou argumentar sobre questões de fé. Comprei dois
livros da Agustina Bessa-Luís editados pela Relógio d’Água e três de poesia.
Omito os autores. Saio com os livros num saco de plástico e deixo-me embalar
pelo sol de Março, enquanto as pessoas passam apressadas em direcção ao grande
fim-de-semana. Alguém me cumprimenta, trata-me pelo nome. Retribuo, mas não sei
o nome da pessoa. Mascaro o esforço com um sorriso e desejamo-nos boa Páscoa.
Um final feliz, pensei, não sabendo se me esqueci do nome ou se nunca o soube.
É melhor não me preocupar. Sinto o sol a entranhar-se na pele, as sombras a
crescer para tarde. Estou de passagem, ouvi-me dizer. Encolhi os ombros. Chega
de banalidades. Tenho alguém à minha espera e apresso o passo ao atravessar a
rua.