Para fazer uns escassos 100 km, utilizei, para além de um IP, quatro auto-estradas. Estas coisas nunca deixam de me maravilhar e não posso deixar de agradecer aos fundos europeus a misericórdia que têm tido connosco, poupando-nos àquelas viagens homéricas, em que para se fazer aquilo que fiz hoje em bem menos de uma hora, quase se tinha de partir na véspera. Talvez seja para usar tantas auto-estradas que existem feriados como o 10 de Junho. Cheguei ainda cedo, com a cidade banhada por uma luz solar anémica, de tonalidade esbranquiçada, um ar fúnebre. Que peçonha lhe terão dado não faço a ideia. Uns quantos emails caídos fora de tempo lembram-me que a realidade volta amanhã de manhã e o melhor será preparar-me para ela. Respiro fundo, olho para o arvoredo agitado pelo vento e enfrento com denodo a melancolia que se desprende da luz da tarde. Nunca me prometeram que a terra, mesmo com auto-estradas, seria um paraíso.
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