As notícias de Verão não deixam de ser espantosas e Agosto não começa nada mal. Leio que dois milhões de americanos acreditam que há extraterrestres presos numa base militar dos EUA e que um número não especificado quer invadir o lugar para libertá-los. São causas como esta que me fazem acreditar, e muito, na humanidade, no seu espírito generoso, embora as coisas possam não ser tão simples quanto isso. E se os extraterrestres forem inimigos, a sua libertação não configurará um acto de alta traição? Os americanos são assim. Um povo impulsivo. Propõem-se fazer coisas sem pensar nas consequências e não há quem os alerte. É evidente que eu também acho aborrecido que se prendam extraterrestres por dá cá aquela palha, mas como europeu pertenço a uma longa tradição marcada pela prudência, apesar das duas guerras mundiais, e faço parte daqueles que abominam a impulsividade. Se estão presos, os extraterrestre alguma fizeram. Esta é uma sabedoria lusa e, como toda a sabedoria lusa, é profunda. Ainda pensei sugerir aos libertadores tentarem a via judicial. Todo o preso terá direito a um advogado e a um julgamento justo e imparcial. Isto sou eu que o digo, uma pessoa crente no Estado de Direito, mesmo quando se trata de espécies alienígenas. Julgo, porém, que os libertadores se ririam na minha cara. O melhor é evitar humilhações, pois Agosto só agora começou.
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