Pouco depois do almoço, antes de adormecer no primeiro sítio
em que me hei-de sentar, dei uma vista de olhos pelas vendas de livros que há
na Internet. Numa propunha-se A Noiva Despida, de autor anónimo, noutra A Viúva
Grávida, de Martin Amis. Não comprei nenhum, mas pude entregar-me a uma
benfazeja meditação. A ordem do mundo é uma das coisas que nunca deixa de me
surpreender e de me maravilhar. Pessoas influenciadas pelo indeterminismo
poderão dizer que tudo se deve ao acaso. Eu, pelo contrário, vejo nisto um
exemplo de fine-tuning, essa sintonia precisa que nos mostra não apenas a
harmonia que reina sobre o caos como a exactidão com que tudo é disposto neste
mundo, para que o desarranjo não leve a melhor sobre a arrumação. É claro que
num universo bem ordenado como o nosso, primeiro despe-se a noiva e só depois
se morre deixando-a grávida. Não faria sentido morrer deixando uma viúva e só
depois desse infausto acontecimento despir a noiva para a engravidar. Ela
poderia ficar perturbada e não conseguir conceber ou, então, o noivo já morto
ser vítima de um despropositado ataque de impotência. Evitemos o absurdo.
Exmo. Senhor,
ResponderEliminarO que escreve no seu blog é tão elegante e depurado que bem poderia ser a base de um mondō escrito por um contemplativo visitante de fora deste mundo.
Muito obrigado por partilhá-lo connosco.
Eu é que fico grato pela visita e pelas amáveis palavras.
EliminarHV