Estar de férias é uma possibilidade única para aumentar a
cultura científica. Faço os possíveis para não dissipar uma oportunidade. Até
ontem, infelizmente, nunca tinha ouvido falar do bispo cipriota Neophytus da
Igreja Ortodoxa Grega. Não fora o ócio, teria perdido o seu contributo decisivo
para a ciência. Confrontado com a vexata
quaestio da existência de gays,
acabou por dar uma das explicações científicas mais notáveis sobre o fenómeno (ver aqui).
Com modéstia, sua Excelência Reverendíssima explicou que a causa reside nos
pais. Se o pai, num momento desavisado de luxúria, se enganar no caminho natural
e sodomizar a mãe, o rapaz nasce gay.
É o que acontece com pais que sabem pouca Gramática e nunca ouviram falar de
homonímia. Confundem recto caminho com caminhar pelo recto (o sr. bispo
perdoar-me-á a brejeirice e o leitor, o fácil trocadilho). Seja como for, a
sabedoria do alto dignitário da Igreja Ortodoxa é um autêntico ovo de Colombo,
uma evidência mais evidente que a do cogito
cartesiano, uma inspiração para todos. Assim, nem preciso que sua
Excelência Reverendíssima venha explicar por que existem lésbicas. É óbvio, a
partir da sua sábia lição, que se o pai, ignorante em Geografia, perder o norte
e confundir a boca da mãe com a vulva e se se entregar, confuso e desorientado,
à prática da cunilíngua, a rapariga a nascer só pode ser lésbica. As lições
práticas de tal conhecimento científico são fáceis de extrair. Há que estudar Gramática
e Geografia para evitar a homossexualidade. O bispo pode ser Neophytus de nome,
mas não é neófito nenhum na via da ciência.
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