Como um biscoito seco tirado de uma caixa comprada numa grande superfície. Não é mau. Também não é particularmente bom. Come-se. O pior é que mesmo ao lado da caixa está um bolo de maçã e nozes, feito em casa, com um aspecto e um odor absolutamente tentadores. Mais do que isso, pois ontem perdi-me, com um sabor esplêndido. Hoje, porém, e nos próximos três dias está-me interdito. Não apenas o bolo, como tudo o que vale a pena comer. É-me permitido, por exemplo, sopa branca de batata. O que será sopa branca de batata? Terá cal? Olho para a dieta prescrita e não vejo a proibição nem de álcool nem de café. É nestes momentos que me sinto perdido na existência. Não estão prescritos, mas não estão interditos. Por exemplo, o leite está interdito. O que para mim não tem qualquer problema, pois não o suporto. Seja como for, a coisa está clara. Será que posso beber um copo de tinto? Talvez eu não tenha percebido. Aquilo que posso comer não requer acompanhamento de bebidas sérias e profundas. Logo, quem fez o maldito panfleto não achou necessidade de interditar o vinho. Pensou que era uma evidência. É nestas meditações que perco o domingo, em vez de pensar em coisas sérias, como brincar com o meu neto, fazer corridas de carros, pô-los no camião transportador, todas essas coisas que dão sentido a uma vida e não requerem dietas durante três ou quatro dias. Mais valia que me fosse decretado um período de jejum e abstinência. Mais valia.
Sem comentários:
Enviar um comentário