Quase duas semanas de poupança. O hábito é ligar, por aqui, o aquecimento no S. Martinho. Este ano não foi preciso. O frio, porém, chegou agora e já começou a infiltrar-se nas casas, armado com uma espada de gelo com que persegue as manchas de calor ainda restantes. Como alguém dizia, vivo numa zona climatizada, quente no Verão e fresca no Inverno. Não se trata, porém, de frescura, mas de frio. Ainda, por cima, sem o consolo da neve, a qual é guardada, só para eles, pelos ciosos habitantes das zonas altas. Espera-me uma noite difícil e uma manhã igual, pois hei-de submeter-me a um estranho exercício de abluções interiores, as quais me tornarão puro e cristalino, para que amanhã possa ser visto e revisto. Na verdade, é um autêntico ritual iniciático, que nem sequer exclui o jejum, embora o destino próximo não seja a elevação espiritual, mas o caminho atarefado para a casa de banho. Alguém contumaz na prova iniciática recomenda que se tenha as leituras e gadgets a postos, pois fazem parte da provação. Servem para evitar o contacto com as forças negras. Já verifiquei se os eReaders estão carregados. São mais maleáveis que uma pilha de livros e, contêm, bibliotecas. Literatura e outras leituras mais inóspitas não me faltam. Há que enfrentar com denodo a fragilidade humana. De resto, continuo a ouvir canto gregoriano, mas acho que chegou a hora de mudar. Um concerto, em Seatle, de polifonia portuguesa, com música de Filipe Magalhães, Manuel Cardoso e Duarte Lobo, todos da chamada escola de Évora e do período de ouro da polifonia portuguesa. Talvez a música, a excepcional música portuguesa, estenda sobre mim as suas asas protectoras.
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