Estes dias de Outono lembram os belos dias ensolarados de Inverno. O sol, apesar de cintilante e vigoroso, traz à memória temperaturas baixas, o desejo de vestir roupas quentes e andar pelas ruas para desfrutar a luz. Isto escrevi-o ao meio-dia, mas, para provar que tudo está submetido ao império da metamorfose, o rosto do dia alterou-se radicalmente e ainda não são quatro da tarde. O sol está tão anémico que nem uma colher de óleo de fígado de bacalhau seria capaz de o revigorar. Atravessei a cidade várias vezes e não vi nada de notável. A culpa não é da cidade, mas dos meus olhos que se habituaram de tal maneira que até o mais excepcional, caso exista por aqui, passa incógnito no meio do que se tornou comum. Leio que um milhão de portugueses já deve ter tido contacto com o vírus. Através de email, enviaram-lhe um postal de Boas Festas, falaram por telemóvel? Pena que o vírus não seja dado à meditação melancólica e solitária, ao refúgio num eremitério. Nada pior do que vírus exuberantes, amantes da comunicação, sempre prontos a participar em festas e romarias. Uma carrinha comercial pára debaixo da acácia desfolhada, sai dela uma mulher vestida de verde seco e máscara branca, arrasta dois sacos de compras para a entrada de um prédio e desaparece. A carrinha faz então uma manobra, retoma a via e também desaparece na curva. E nestes acontecimentos está toda a sabedoria do mundo. Coisas e pessoas aparecem e desaparecem, e mesmo que deixem rasto, ele logo se há-de apagar.
Óleo de fígado de bacalhau: coisa horrorosa!
ResponderEliminarE eu fui uma das infelizes crianças que foi obrigada a engolir uma colher dessa coisa horrível, logo seguida de uma colherinha de açúcar, que também não me deve ter feito nada bem...
Enfim, fartei-me de sofrer 😂
Boa noite, HV.
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Maria
Também me calhou em sorte, já que eu tinha um conflito que parecia insanável com a comida, coisa que passou, felizmente. Era isso e Ceregumil, mas esse era mais amigável.
EliminarBoa noite, Maria
HV