Chegado ao Domingo de Ramos, Abril completou um terço da sua existência. Em vez de meditar sobre a velocidade de Cronos, talvez deva falar de amêndoas. Refiro-me às da Páscoa. Não aquelas envoltas em açúcar empedernido, mas umas cobertas de chocolate e polvilhadas de canela. São essas que conspiram contra mim. Perante o perigo iminente, reajo e como-as. Não devia, mas as coisas são o que são, e a vontade é fraca. Quanto à amêndoa propriamente dita, essa nunca me convenceu. Quando o chocolate chega ao fim e apenas sobra o fruto, sinto uma decepção. Assim como há café sem cafeína e cerveja sem álcool, também deveriam existir amêndoas pascais sem amêndoa. Talvez existam, mas se já experimentei, não me lembro. Por aqui, estou certo, não as há. Acabei de chegar de uma visita à aldeia onde se vendem laranjas à beira da estrada. Talvez as minhas netas cheguem hoje e gostam daquelas laranjas. Os dias começaram a aquecer. Não tarda e o inferno transfere-se para aqui ou, talvez seja mais apropriada, reabre uma delegação. Entrego a tarde à escuta da música da violoncelista clássica alemã Anja Lechner e do pianista francês de jazz François Couturier, um duo que a grande criatividade da ECM records nos dá a conhecer. A generalidade do catálogo desta editora alemã é recomendável. O meu telemóvel informa que me faltam 25 pontos cardio para perfazer os 150 semanais recomendados pela OMS. Parece que tenho de me pôr a andar.
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