sábado, 9 de abril de 2022

Maldita homofonia

Meu Deus! Ontem, passado umas horas de o ter publicado, reli o post e descobri, de imediato, um terrível erro, onde confundia um monge com uma munição. Não é de bom tom trocar um projéctil cuja função é matar com um religioso que dedica a sua existência à silenciosa salvação da alma e à redenção do mundo, caso este tenha redenção. A causa do erro era fácil de descortinar, a maldita homofonia que ataranta os escreventes pouco cuidadosos e os faz cair no pecado de tomar a absoluta identidade sonora como razão para uma absoluta identidade ortográfica. Em síntese, e para abreviar razões, em vez de escrever cartucho escrevi cartuxo. Quanto aos cartuchos munições não tenho qualquer experiência deles, mas lembro-me bem de outros cartuchos onde se embrulhavam mercearias. Eram de papel e, em nome do progresso infinito em direcção futuro, foram substituídos por sacos de plástico. Contudo, os cartuchos mais extraordinários são os que os vendedores de castanhas fazem com folhas de papel de jornal. Julgo que fazem, pois há muito que não compro castanhas assadas. Nem sei a razão. Talvez por já não haver por aqui quem as venda. Esses vendedores não são bons apenas a fazer cartuchos cónicos de papel. Castanhas assadas? Só as deles. O resto não passa de pobres arremedos de diletantes da assadura da castanha. Não compreendo por que razão a Câmara daqui contrata empresas para tratar dos jardins e espaços verdes sem que lhes imponha uma cláusula que as impeça de trabalhar aos fins-de-semana e feriados. Há não sei quantas horas que oiço o trabalhar dos corta-relvas. Uma tortura para um sábado de manhã. Nem a chuva os dissuade. Deveria cair um aguaceiro dos antigos. Mesmo que eu quisesse tornar-me um cartuxo e dedicar-me ao silêncio, não podia.

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