Uma grande aventura. Quando abri o ficheiro Word onde escrevo estes textos deparo-me com uma mensagem desagradável, talvez como protesto às coisas parvas que nele estão escritas. Em resumo, ficheiro corrompido. Quase seiscentas páginas ditirâmbicas para o lixo. Entreguei-me à navegação na rede em busca de conselho para recuperar o graal perdido. Tentei múltiplas mezinhas, segui conselhos até onde nunca suspeitei ser capaz de ir. Cogitava que para ter todos os textos num único ficheiro teria de os copiar um a um do blogue. Só de pensar nisso sentia-me indisposto. Voltava para a internet em busca de salvação, mas depois de muitos esforços não encontrei salvador. Contrariamente ao que muitas pessoas crêem, não existem salvadores ao virar da esquina. Muito se fala de corrupção neste país, mas sabem lá as pessoas o que é a corrupção de um ficheiro. Desiludido com a corrupção e a ausência de salvadores e salvação disponíveis, entreguei-me à auto-ajuda. Peguei no ficheiro corrupto, porque corrompido, e coloquei-o na drive da conta Google. Mandei-o abrir e ele obedeceu de forma muito estranha. Um pano de fundo negro, a confirmação do mau presságio, de onde ressaltavam as páginas brancas com o texto. Pensei que agora seria fácil. Era só mandar abrir em Google Docs. Assim fiz. Recebi uma mensagem com os seguintes dizeres: Não foi possível abrir o ficheiro. Experimente actualizar a página. Cumpri, como quem paga uma promessa, mas não se compadeceu de mim. Pensei em seleccionar todo o texto e copiar, depois colá-lo-ia noutro ficheiro. Em vão. Para aliviar a consciência, mando transferir o ficheiro que estava em fundo fúnebre. Dá-se a transferência. Vou tentar abri-lo, pensei, sem grandes esperanças. Ah… narrador de pouca fé. O ficheiro abriu-se graças à auto-ajuda. É nele que escrevo mais esta aventura que faz parte de uma gesta superior às cantados pelos sábios gregos, troianos e mesmo àquele em que o herói é o peito ilustre lusitano, para rimar com troiano.
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