Sento-me e passo os olhos pelas notícias online. Descubro que Salman Rushdie foi atacado em pleno palco quando se preparava par dar uma palestra. Não se sabe em que estado está o escritor. A fatwa que o condenara à morte devido ao que escrevera no romance Os Versículos Satânicos tinha sido levantada no final dos anos 90 do século passado. Nos dias que correm, o fanatismo entrincheirou-se em três campos, qual o deles o mais sujeito às paixões plebeias. A religião, a política e o futebol. Para qualquer fanático, a crença que o alimenta tem mais valor que a vida, seja de uma ou de muitas pessoas. O fanatismo é uma forma de energia que alimenta as máquinas de violência que são os homens. Que se me perdoe esta diatribe. Tinha eu pensado em não trazer estes assuntos para aqui, falar só de coisas estivais, mas, para dizer a verdade, também o Verão é uma forma de fanatismo, um fanatismo climático. Hoje a temperatura, mesmo aqui, está fora dos eixos. O mundo, parece-me, está fora dos eixos. Apesar disso, bocejo e acho que me encostar em qualquer lugar fresco e fingir que estou a ler.
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