Tinha escrito uma boa dúzia de linhas, mas o computador decidiu entregar-se a uma qualquer conduta patológica que me obrigou a reiniciá-lo, tendo perdido essas linhas e o que nelas estava escrito. É argumentável que não se perdeu grande coisa, com o que estarei de acordo. Acabei de receber uma chamada que não atendi. O telemóvel deu a indicação de spam, resta-me agora bloquear o número para que aqueles que desejariam falar comigo utilizem outro, o qual haverei também de bloquear. Fiz uma pesquisa na internet e parece que o número é de um jornal de que fui assinante há anos, mas que deixei de o ser, pois a leitura online era pouco amigável. Já lhes pedi para deixarem de me contactar, pois se eu quiser ser assinante, não preciso de ajuda. E quando precisar, já não vale a pena ser assinante seja do que for. Também a caixa de correio electrónica está efervescente, há gente que não tem mais nada para fazer senão mandar emails. É segunda-feira, o dia não é propício a grandes aventuras que acrescentem glória à minha gesta. Não fora o spam e estaria aqui sem nada para contar. O mais provável, todavia, é estes textos serem puro spam. Apesar de não terem cariz publicitário ou fraudulento, penso eu, não deixam de ser mensagens irrelevantes e não solicitadas. Nunca tinha pensado nisso, mas penso-o agora e vejo que não é um pensamento destituído de sentido. A única coisa que me absolve é não escrever estas coisas em papel, não sacrificar as árvores à necessidade de me aliviar do que me vai pela cabeça. Talvez isto não passe de uma terapia. Descobri agora que o acrónimo SPAM pode querer dizer duas coisas: (1) Sending and Posting Advertisement in Mass; (2) Stupid Pointless Annoying Messages. O meu caso inscreve-se em (2). Seja como for, quem dá o que tem a mais não é obrigado. É sempre virtuoso recorrer à cultura popular. Vou preparar-me para a hora do crepúsculo.
moscas de Issa
ResponderEliminarsob o velho plátano
a Lua cheia
Um novo haiku. Óptimo.
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