Uma conspiração. Tinha o post escrito, usava um tom melancólico, quase elegíaco, falava, como habitualmente, de coisas diversas e sem ligação, tudo corria pelo melhor, mas um bug que vive dentro deste computador decidiu fazer-me nova visita. Usa uma substância paralisante que suspende a actividade de tudo o que esteja activo, chega mesmo a suspender a passividade do que é passivo. Carregar no botão e desligar a máquina é a única solução. Ela, a máquina, não se queixa. Ligo-a e as coisas parecem voltar à normalidade, mas o texto escrito, apesar de gravado, esfumou-se, perdeu-se na estratosfera, e o mundo foi privado para sempre de um conjunto de pensamentos que o deveriam embasbacar, profundos que eram. Talvez tenha sido o próprio mundo a conspirar para não ficar embasbacado com tanta penetração. Seriam pensamentos brocantes, que entrariam pelas paredes do mundo para lhes abrir buracos, imagino eu, mas sou parte interessada, o que me retira a imparcialidade. Consegui, contudo, salvar o ficheiro que está a chegar às 660 páginas, o que não deixa de ser impressionante. Como será possível escrever tanto e, para além dos pensamentos perfurantes, não dizer nada. Não era isto que tinha escrito naquilo que o vento levou, mas o vento leva uma coisa e logo traz outra. Por norma, pior.
Caso fosse um bug a levar aquilo que se pede que o vento leve, nem que fosse de buggy, seria fácil. Já o caso de ser o proprietário da quinta a fazer a poda parece ser mais difícil, pois a vinha tem uma dimensão considerável e correr-se-ia o risco de chegar o tempo das vindimas sem a vinha estar podada.
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