A criançada ocupa o parque que lhe é destinado. Ouvem-se os gritos, enquanto o vento obriga as folhas do arvoredo a dançar, como se uma flauta humilde ao longe tocasse, talvez para se fazer ouvir nos ouvidos de uma pastora bela. É sempre possível imaginar mundos impossíveis. Talvez imaginados eles se tornem possíveis. Não há pastoras belas, nem não belas, nem estamos em tempos pastoris. Imagino que a verdade acerca desse mundo de pastoras belas e pastores musicais seja tenebrosa, mas sempre se pode sonhar com uma Arcádia, pois tudo o que nos chega da antiguidade perdeu as trevas e a sujidade na viagem para vir até nós. Fazer as coisas viajar no tempo é uma operação de limpeza, pois o tempo é uma escova implacável. Vou à rua ver se chega alguma novidade da Guerra do Peloponeso, uma carta de Tucídides, um fax de Xenofonte.
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