quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Macaquices

Nunca fui a Marraquexe – para dizer a verdade, a vontade é nula – mas os portugueses parecem ter uma grande propensão para lá ir. Presumi isto ao consultar, por motivos que não vêm ao caso, a lista de chegadas ao aeroporto de Lisboa. Em menos de três minutos, tinham aterrado ali dois voos, de diferentes companhias, vindos daquela cidade marroquina. Imagino que sejam turistas portugueses de retorno ao lar, pois não me parece que o volume de negócios entre Portugal e aquela cidade, ou mesmo Casablanca, justifique tal número de voos, mesmo que sejam apenas dois por dia. A mente, refiro-me à minha, parece um macaco. De Marraquexe foi para Casablanca, da capital de Marrocos para o filme de Michael Curtiz, deste para Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. Desta saltei para Ingmar, também Bergman, e deste para dois filmes: Morangos Silvestres e A Flauta Mágica, uma espantosa encenação cinematográfica da ópera de Mozart. Isto levou-me à ária da Rainha da Noite e desta ao facto de já ser noite e estar frio. Tudo isto para demonstrar que sou habitado, no lugar onde devia estar a razão, por um macaco, um babuíno, por certo. Enfim, não será de admirar que escreva macaquices.

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