segunda-feira, 17 de setembro de 2018

De janelas abertas


Abri as janelas para que o ar da manhã refrescasse a casa. Lá fora, as árvores pareciam petrificadas, sem que uma brisa lhes movesse as folhas. Em vez de ar fresco, entrou uma mosca e a textura do dia com as suas garras de luz e calor. Dois pombos voaram de um telhado para o outro, enquanto o tilintar abrupto de garrafas anuncia que o despejo do vidrão da esquina. Agora, algumas nuvens escondem o sol e em tudo isto não há glória nem grandeza, apenas o ronronar monótono da vida sobre o alcatrão do tempo.