terça-feira, 18 de setembro de 2018

Os loucos


Há lugares onde se enlouquece rapidamente ou então que atraem os que, apesar de não o parecerem, são já loucos. Esses sítios, mais que um céu nublado e escuro que ofusca a luz, são buracos negros que a tudo devoram. Os que habitam ali, tenham enlouquecido depois de entrar ou chegado já loucos, trazem no coração o desejo ardente de espalhar a sua loucura por todo o lado que está sob o seu império. E como eles gostam de imperativos, como odeiam o que é diferente, qualquer alternativa à mania que os consome, qualquer vislumbre de sensatez. Num primeiro momento, ainda ocultam do público a doença, mas logo o entusiasmo próprio dos maníacos cresce e se abate como uma guilhotina sobre todos os que pensam. Decapitar, decapitar! Eis a palavra de ordem dos déspotas da insanidade. E a loucura vai-se expandindo, toma por dentro as instituições, as pessoas, a réstia de luz que bruxuleia ao longe. Os loucos, possuídos por um demónio contumaz, não dormem e quanto mais enlouquecem os outros, mais ávido é o seu desejo por mais e mais demência. Inesgotável é o apetite que os consome.