Agora que o exercício pleno das minhas funções se aproxima,
pergunto-me, enquanto vou cidade fora sob a inclemência do calor, o que seria
mais importante ensinar. E aquilo que desliza pelo meu pensamento, enquanto a
vista percorre a avenida, é simples. A primeira coisa que os seres humanos deveriam
aprender seria não ter expectativas acerca de alguém ou de alguma coisa. A
segunda, a do exercício contínuo do esquecimento da própria possibilidade de se
esperar. Assim, ficariam livres para contar apenas com os seus parcos recursos.
Então, tudo o que lhes adviesse, sem que o esperassem, aceitá-lo-iam como uma
dádiva que se agradece e retribui. Cheguei, paro o carro e saio para o sol. A
escola verga-se sob a aspereza de um calor fugido dos infernos. E o que pensei
há momentos desvanece-se já, como se a verdade apenas pudesse viver no silêncio
do esquecimento.