Hoje de manhã, ao passar pela avenida, observei os
castanheiros. As folhas começam a amarelecer. Isso poderia ser um bom sinal,
mas não. Olhei para o céu e o sol brilhava raivoso, atiçado por algum deus
vindicativo. Lá anda o Outono disfarçado de Verão, pensei. Na sala de aula, as
temperaturas eram de tal modo elevadas que, desde o primeiro instante, perdi a
esperança de que alguma coisa conseguisse mover os neurónios de quem quer que
seja. Exultei, todavia, com o facto de termos um horário escolar como se
vivêssemos no centro da Europa. Não há nada como ser europeu, disse para comigo,
enquanto insistia em coisas tão interessantes como conceitos e proposições,
teses e argumentos. Os alunos abanavam-se, bebiam água e olhavam para mim com
um olhar de quem pede misericórdia. Resisti à manobra. Um europeu que se preza
não tem calor em Setembro.