Numa conversa ficcionada, o psicanalista e escritor Irvin
Yalom faz dizer ao dr. Breuer, em resposta a uma pergunta do dr. Freud, que
teve “católicos como pacientes que, embora agnósticos, praticavam a confissão”.
E isso, a confissão, fez-me lembrar o crepúsculo que cai sobre a cidade, esse
momento que ainda buscamos uma réstia de luz antes que a noite chegue. Talvez a
prática da confissão – mesmo por agnósticos ou até por ateus – seja isso, uma
necessidade de agarrar a pouca luz que se tem, não deixar que a noite venha e
tudo se torne turvo, como as ruas que vejo, agora que o sol se pôs e todos os gatos
são pardos.