Este é o lugar onde anoto o passar do tempo. Invento efemérides como se fossem marcos miliários desse caminho que nos traz do nada e nos conduz à inexistência, que é uma coisa diferente do nada. Hoje assinala-se o último dia da primeira quinzena de Setembro e, ainda, o ducentésimo quinquagésimo oitavo dia de 2022. Um acontecimento irrepetível, saliente-se. Há coisas curiosas que aconteceram num 15 de Setembro. Em dois 15 de Setembro, com cinquenta e quatro anos de diferença, em dois conclaves papais foram eleitos como Papas dois Giambattistas. O primeiro, em 1590, era de apelido Castagna e tomou o nome de Urbano VII, o segundo, em 1644, era Pamphili e ficou conhecido como Inocêncio X. Ainda não descobri a razão por que os Papas, ao serem eleitos, mudam de nome. Terei de consultar o google. Gostaria também eu de marcar este dia com uma aventura digna de registo, mas o mais que consegui foi irritar-me com coisas idiotas que o oportunismo e a vaidade dos homens semeiam no caminho de quem tem por lema não incomodar os outros. Este deveria o mandamento central da vida social. Não incomodes os outros! Uma parte dos seres humanos, porém, julga que a sua missão na Terra é alimentar o seu pequeno ego, um animalzinho sempre esfaimado, que nunca deixa de crescer e nunca deixa de ser minúsculo. Uma irritação, todavia, não é uma aventura, e, assim, fico em desvantagem perante o meu dilecto amigo, o cavaleiro da triste figura.
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