O Verão que tinha saído pela porta voltou pela janela. Está previsto, para esta cidade onde me acolho, temperaturas, em Outubro, na ordem dos 34 e 35 graus. O mestre do clima, S. Pedro, mantém-se inflexível. Admito que os pedidos, em forma de oração, tenham diminuído drasticamente com o passar dos anos. Como não lhe pedem ajuda, ele não a dá e depois é o que se vê. Pessoas esbaforidas, barragens vazias, entidades públicas a ameaçar cortar a água. Apesar da impiedade reinante, o grande gestor do estado do tempo poderia ser compassivo e usar da misericórdia com os pobres pecadores. Hoje, depois de muito porfiar, consegui descobrir o ponto de pick up onde uma transportadora deixou na sexta-feira dois livros que me eram destinados. O site tinha-me anunciado que entrega seria hoje, segunda-feira, 25 de Setembro. Acreditei e na sexta-feira ausentei-me, fui almoçar com a minha neta mais velha, que fazia anos. A transportadora, aproveitando a minha ausência, passou por cá e marcou-me falta. Mandou, talvez como desculpa, uma mensagem com um link que me deveria indicar o lugar de recolha da embalagem. Consultei o mapa, aquele da Google, que me deu indicações, mostrou-me a rua, a casa, a envolvência. Fui lá e o que me tinha sido mostrado era uma ficção. Fiz várias tentativas em vão. Depois, um telefonema para uma agência da distribuidora noutro lugar acabou por resolver o assunto. Começo a ter saudades do tempo em que só os CTT entregavam encomendas, pois sabia onde haveria de as ir buscar. Parece que a concorrência – e ela é enorme – melhora o serviço. Talvez seja assim, só que eu sinto que, enquanto recebedor de encomendas, estou pior. É verdade que, muitas vezes, nos CTT, passava longos minutos à espera até chegar a minha vez. Agora, passo longos minutos à procura do lugar onde me hei-de apresentar. Já era altura dos objectos – livros ou outras coisas – serem enviados desmaterializados e, ao chegar a casa dos clientes, voltarem a materializar-se. Seria um serviço imbatível, mas não conheço nenhuma empresa que esteja interessada na minha brilhante ideia. Devem ter pavor da inovação ou são incapazes de compreender as ideias mais geniais que me ocorrem. O pior, porém, são os 35 graus.
Dica:
ResponderEliminarTransformar-se o amador
Na coisa amada
Ou o leitor
No desejado
Livro
Acho que nem por virtude do muito imaginar.
EliminarA imaginação
EliminarFaz o ladrão
Esta é uma nostalgia.
Isso seria plágio.
EliminarUma nostalgia
EliminarÉ sempre uma algia
Sem Ben-U-Ron
Eu não disse
EliminarA ocasião
Faz o ladrão
A imaginação é mais eficiente do que a ocasião a fazer ladrões. Imagino.
EliminarMais uma:
ResponderEliminarNão sei se já acabaram esses jogos de não futebol que gosta de ver. Saboreio agora uma cerveja que comprei hoje, com uma data antiga: 1715. E diz, a certa altura, o rótulo dessa cerveja longínqua: Ukraine.
De facto, é uma cerveja que vem de longe. Demorou 308 anos a cá chegar. Esses jogos de não futebol (isto é, Rugby Football) estão para durar, mas para mim são só mais dois, os de Portugal. Não vou contratar um canal desportivo para ver o mundial. Se houvesse um sistema de pay-per-view, veria mais alguns jogos, talvez todos os da fase a eliminar. Sendo assim, fico pelos que dão em canal aberto, mas sem cerveja, mesmo antiga e vinda de longe.
ResponderEliminarPronto, este é um discurso verdadeiramente igualitário. Conheci, quando era miúda, alguns jogadores de râguebi, muito educados. Zangam-se, mas percebe-se que o objectivo é uma baliza alta.
EliminarEsse é um objectivo secundário. O principal é pôr a bola para lá da linha de ensaio, o que não é fácil.
EliminarÉ claro que ensaio pressupõe sempre um pensamento, uma dança ou um teatro. Nesse jogo, prefiro o teatro. Sempre achei que o râguebi era uma peça de Shakespeare.
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