quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Enganos

Nem sempre a realidade é como a vemos. Não foi uma meditação filosófica que me levou à banalidade desta consideração, mas um engano na identificação de alguém que passava na rua, no outro lado da estrada. Não deu por nada, continuou no seu caminho pisando com firmeza o empedrado do passeio, até que se esgueirou para dentro de um café. Na sua inconsciência, nem deu pelo perigo de perder a identidade e tornar-se outra pessoa. Talvez seja isso que acontece connosco. Vamos rua fora, metidos com os nossos pensamentos, distraídos com o que está à nossa volta e, quando menos se espera, alguém nos troca. Se nos descuidamos, tornamo-nos outros e corremos a risco de nunca mais voltarmos a ser o que éramos, pensei preocupado, sem saber se eu não seria já outro ou se ainda continuava a ser o que era.