sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Fevereiro

Fevereiro chegou e não tenho, no bolso do casaco, nenhum provérbio para o acolher. É sempre assim, quanto mais preciso de um ditado mais ele se esconde de mim. O dia declina e a chuva na chuva anuncia a obscuridade. O vento empurra ruídos incompreensíveis e os meus ouvidos, infelizes, recebem esses prenúncios do inferno. Logo reparo que basta trocar o efe do inferno por um vê para cair no inverno. Pouco cuidado têm os construtores lexicais ao aproximarem palavras com temperaturas tão diferentes, meditei com desconsolo. Estamos em Fevereiro e a rua parece um ribeiro, suspiro. Pelo menos rima.