Fevereiro chegou e não tenho, no bolso do casaco, nenhum
provérbio para o acolher. É sempre assim, quanto mais preciso de um ditado mais
ele se esconde de mim. O dia declina e a chuva na chuva anuncia a obscuridade.
O vento empurra ruídos incompreensíveis e os meus ouvidos, infelizes, recebem
esses prenúncios do inferno. Logo reparo que basta trocar o efe do inferno por
um vê para cair no inverno. Pouco cuidado têm os construtores lexicais ao
aproximarem palavras com temperaturas tão diferentes, meditei com desconsolo. Estamos
em Fevereiro e a rua parece um ribeiro, suspiro. Pelo menos rima.