Mal abro o facebook,
este, desfrutando a intimidade que o uso confere, informa-me que está a pedir a
opinião a um pequeno grupo de pessoas. Imagine-se quem haveria de fazer parte
desse grupo restrito, uma verdadeira elite, a quem a opinião está a ser
solicitada. Eu. Fiquei lisonjeado. Até que enfim alguém reconhece a minha
natureza, pensei com os meus botões. O problema, ponderei, é que não tenho
opinião seja sobre o que for, muito menos sobre aquilo que o facebook há-de querer saber. Eu sei, eu
sei. Estou a mentir. Ter opiniões, tenho. Aliás, não me faltam opiniões sobre
tudo e sobre nada. O drama é que não consigo acreditar nas minhas opiniões.
Espantam-me sempre as pessoas que acreditam nas suas próprias opiniões. Como é
possível? Para mim, basta que uma opinião se apresente como minha para logo
deixar de acreditar nela. Resoluto, tomei a decisão de poupar o facebook às opiniões em que não acredito
e ao meu cepticismo contumaz. E assim abdico da glória de pertencer ao pequeno
grupo. Nunca deixarei de ser um átomo perdido na massa. Cada um é para o que
nasce.