Nunca consegui justificar perante mim o facto de ter uma
conta na plataforma LinkedIn. O certo
é que um dia qualquer, por um desvario que já não consigo recordar, abri conta
e por lá fiquei a aboborar. Esta palavra decepciona-me profundamente. Por
impulso semântico, eu diria que significa tornar-se abóbora, mas não. É uma
espécie de corruptela de abeberar. Seja como for fiquei por lá a aboborar, imóvel
e desinteressado, respondendo com bonomia e a melhor vontade às solicitações de
conexão, embora nunca tenha percebido a razão por que há pessoas que hão-de
querer estabelecer uma conexão comigo numa plataforma como a LinkedIn. À maneira de Grouxo Marx,
também não admitiria estabelecer qualquer conexão profissional comigo. O certo
é que sem mexer uma palha, praticando com diligência o aboboramento, fui
ficando conectado com conhecidos e desconhecidos, recebendo mensagens para
parebenizar (palavra que me deixa logo com revoluções no estômago) este e
aquele pelos novos empregos ou cargos a que tinham sido promovidos. Fui
estranhando nunca ter recebido convites para dar os pêsames aos despedidos ou
aos despromovidos, mas inferi desse silêncio que todas as minhas conexões eram
com gente vencedora na vida. Hoje recebi um novo pedido de conexão. Abri a
conta e com ela escancarada procurei como acabar com ela. Liquidei-a em três
tempos. Recebi de imediato uma mensagem a dizer que sentiam muito pela minha
saída. Eu, pelo contrário, sinto muito pela minha entrada. Nunca se deve entrar
em sítios aonde não vamos fazer nada.
Sem comentários:
Enviar um comentário