Foi chuvosa e fria a manhã. Juntamente com o vento, a água despiu as acácias da praceta aqui em baixo. Por baixo delas, o chão ficou coberto de um tapete com estranhos padrões, onde se combinam, segundo o ritmo de um quadro abstracto, os amarelos, os castanhos, diversos verdes, tudo isso salpicado pelo branco do calcário dos passeios, que irrompe aqui e ali. Uma sirene uivou sobre a cidade. Anuncia a aproximação da uma da tarde, um hábito que terá ficado dos tempos em que a pequena vila vivia das indústrias que por aqui havia. Agora toda a gente trabalha nos serviços e os seus horários já não se hão-de regular com sirenes, mas pelo brilho do smartphone ou, no pior dos casos, pela pulsação do quartzo dentro de um relógio. O sol atravessa uma camada mais fina de nuvens e uma luz esbranquiçada invade as paredes dos edifícios. Navegamos já na última semana de Novembro. Não tarda e estará aí o Natal e o Ano Novo, onde se haverá de estar mais confinado do que confiado. Chegou a hora de almoço. A tarde espera-me com o seu punhal de aço inoxidável. O mais sensato será retemperar forças.
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