Ocorreram-me de manhã duas coisas. Haveria de escrever sobre elas. Guardei-as na memória. Que melhor sítio do que esse para se guardar seja o que for? Não contei com um possível bug no software instalado na minha mente e o resultado é este. Não faço a mínima ideia do que me ocorreu. Por certo, não se perderá nada, mas fiquei sem assunto, embora não sofra da angústia da página em branco. Na praceta, existe um centro de línguas. Antes ou depois das aulas, os adolescentes estão por ali naquela difícil tarefa de adolescer. Eles gritam, elas trocam segredos e risinhos. Depois, ouvem-se mais gritos, uma rapariga diz é mentira, grasnam as gargalhadas, e o crepúsculo desce sobre eles mais depressa do que passa o intervalo. Num vaso, três bolbos deixam escapar outros tantos jacintos, que se multiplicam em flores, de onde se evola um perfume delicado e persistente. Olho-os e digo prefiro as orquídeas. Eles encolhem os ombros e respondem é o costume. Vejo um anúncio, de um alfarrabista, ao primeiro volume da História Universal da Pulhice Humana, do inevitável Vilhena. Asseguro desde já que o autor fez parte da minha formação. Quase tenho pena de não ter idade para voltar a ler o Vilhena. Quase.
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