sábado, 28 de novembro de 2020

Universos paralelos

Antigamente nem me ocorreria fazê-lo, mas de há uns tempos para cá, vou a uma aldeia aqui perto, já em plena serra, comprar laranjas. Um enclave minúsculo tem um microclima que proporciona uns frutos excelentes. À beira da estrada os pequenos produtores locais vendem as suas laranjas e outras coisas que cultivam nas hortas. Hoje fui lá mais uma vez. Chovia e enquanto fazia o caminho para cá e para lá, pensava que todos vivemos em vários universos, que, sendo paralelos, possuem portais que permitem transições confortáveis entre eles. A noite caiu há muito, o dia foi invernoso e rendeu-me pouco. De lá de dentro vem um comentário, as orquídeas este ano estão malucas. Não digo nada, mas sei o que se passa. Estão prontas para antecipar a floração. Não são como eu, sempre pronto a retardar seja o que for. Não são apenas as orquídeas, contudo, que estão malucas. Também o mundo sofreu uma súbita aceleração na tontice e anda um pouco fora dos eixos. Não faltam por aí moços pimpões prontos a proclamar que hão-de pôr tudo na ordem. Depois de escrever esta frase, dou-me conta de que nunca uso a palavra pimpão e não faço ideia por que razão ela me ocorreu. Talvez os moços sejam mesmo apimponados. No telemóvel, recebo um vídeo do meu neto entregue a um jogo de colocar umas bolas de cor em buracos. Isso basta para que a noite me seja benévola.

2 comentários:

  1. Ora aí está uma coisa que eu faria também, se as laranjas são boas e podemos eliminar os intermediários, avancemos.
    ~CC~

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    1. São óptimas, mas ainda não chegaram ao ponto adequado.

      É um outro universo.

      HV

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