Já passavam das quatro da tarde quando me apercebi de que estávamos no mês de Novembro, no dia de Todos-os-Santos. Sempre achei espantosa esta solução para a difícil questão da celebração de cada um dos santos, tantos devem ser que não há calendário litúrgico que tenha dias disponíveis para acolher tal profusão de santidade. Não fora a minha vontade ser fraca, também eu haveria de trabalhar para fazer parte dessa legião que hoje se celebra. Seria um santo anónimo, que ninguém conheceria, mas se alguém visse uma estátua minha numa Igreja, haveria de ler na dedicatória: ao santo desconhecido. Mais tarde, começariam a dizer que era um santo anónimo. Passados mais alguns séculos, haveria o culto do Santo Anónimo. Seria eu, sem que ninguém o soubesse. Eu, da humildade da minha santidade, distribuiria as graças que me fossem dadas e também broas, daquelas de que muito gosto, e se fosse o caso e mo pedissem, um belo copo de tinto. A vontade, porém, é fraca. Não tenho inclinação para o jejum e outras práticas que conduzem directamente à glória dos altares, mas que tenho pena, lá isso tenho.
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