Sentei-me para fazer alguma coisa que me alivie do facto de
estar vivo. É preciso não levar este tipo de declarações a sério. Quando se
escreve um texto, e quando ele é em si mesmo irrisório, temos de começar de
alguma maneira. O pathos do começo pode ser uma coisa deplorável, mas se
eliminássemos do mundo tudo o que é deplorável, ficaríamos com quê? Comigo não.
Sentei-me, dizia, mas esquecera-me que hoje é quarta-feira, o dia em que o grupo
de baile da escola vizinha aproveita para a sua sessão de reviver o passado em
Brideshead. Cada um tem o Brideshead que pode. Essa é a justiça do mundo e não
há outra, foi o que me ocorreu. Estou perturbado. Andei dois dias para me
lembrar de uma palavra para título de um singelo documento e, por mais que
porfiasse, a memória nunca me deu o que lhe implorava. É uma senhora caprichosa
e recusa-se a conceder os seus favores ao primeiro idiota que apareça a
cortejá-la. Quando já não necessitava da palavra, ela caiu-me do céu. Errata.
Era por esta a palavra que suspirava há dois dias. Que faço agora com ela? O
melhor é fazer uma errata, escrever onde se vê (a minha fotografia) deve-se ver
(uma outra fotografia corrigida e melhorada), e depois distribuí-la por aí. O
grupo de baile silenciou-se, já tem que chegue da sua Brideshead, ou talvez
não. O problema dos seres humanos é que eles só aparecem no lado a substituir
da errata. Se não os outros, pelo menos eu.
E é uma bela palavra, ter errata é reconhecer o erro, quantos somos capazes?
ResponderEliminar~CC~
É uma bela palavra. de facto.
EliminarHV