sábado, 2 de novembro de 2019

Memórias no Dia de Finados

Nos últimos anos não há Dia de Fiéis Defuntos que não me recorde de um poema que se cantava na adolescência para fingir que se era rebelde. Não me lembro do texto completo, mas apenas de alguns versos que ficaram na memória como um refrão: Era dia de finados, / E os mortos muitos animados / Lá andavam a dançar. / Tudo estava forrado a preto, / No centro havia um coreto / Feito dos ossos da testa. E o cântico continuava neste tom até que nos cansássemos e, desconfio, nos reconciliássemos com a nossa natureza mortal. Estas recordações não são um desrespeito aos que se foram, mas uma mensagem que recebo de mim mesmo para que não me esqueça que mais do que rir da minha morte devo rir-me de mim e das coisas que me atravancam a memória. Hoje já fui às compras e, devido às inutilidades que me povoam o cérebro, esqueci-me de algumas coisas que tinha de comprar. Valia mais ter feito uma lista do que andar por aí a alvitrar sobre o que se passa num coreto forrado a preto.

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